Página:A escrava Isaura (1875).djvu/267

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Malvina sahio do salão, deixando Leoncio em companhia de um terceiro personagem, que tambem ali se achava, por nome Jorge, a quem o leitor ainda não conhece. Dizendo que era um parasita, ainda não temos dito tudo.

Este genero contém muitas variedades, e mesmo cada individuo tem sua côr e feição particular. Era um homem bem apessoado, espirituoso, serviçal, cheio de cortezia e amabilidade, condições indispensaveis a um bom parasita. Jorge não vivia da seiva e da sombra de uma só arvore; saltava de uma a outra, e assim peregrinava por longas distancias, o que era da sua parte um excellente calculo, pois proporcionava-lhe uma vida mais variada e recreativa, ao mesmo tempo que tornava sua companhia menos incommoda e fatigante aos seos numerosos amigos. Conhecia e entretinha relações de amizade com todos os fazendeiros das margens do Parahyba desde S. João da Barra até S. Fidelis. A crer no que dizia, andava sempre cheio de afazeres e dando andamento a mil negocios importantes, mas estava sempre prompto a prescindir delles a convite de qualquer desses amigos para passar uns oito ou quinze dias em sua companhia.

Na solidão em que Leoncio se achou depois de seo rompimento com Malvina, Jorge foi para elle um excellente recurso quando se achava na fazenda. Servia-lhe de companheiro não só á