Página:A escrava Isaura (1875).djvu/63

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quaes não reconhecia pundonor nem dignidade.

Depois do almoço Leoncio montou a cavallo, percorreo as roças e cafesaes, cousa que bem raras vezes fazia, e ao descambar do sol voltou para casa, jantou com o maior socego e appetite, e depois foi para o salão, onde repoltreando-se em macio e fresco sofá, pôz-se a fumar tranquillamente o seo havana.

Nesse comenos chega Henrique de suas excursões venatorias, e depois de procurar em vão a irmã por todos os cantos da casa, vae en fim encontral-a encerrada em seo quarto de dormir desfigurada, palida, e com os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar.

— Por onde andaste, Henrique?... estava afflicta por te ver, — exclamou a moça ao avistar o irmão. — Que má moda é essa de deixar a gente assim sósinha!...

— Sósinha?!... pois até aqui não vivias sem mim na companhia de teo belo marido?...

— Não me falles nesse homem... eu andava illudida; agora vejo que andava peor do que sósinha, na companhia de um perverso.

— Ainda bem, que presenciaste com teos proprios olhos o que eu não tinha animo de dizer-te. Mas, vamos! que pretendes fazer?...

— O que pretendo?... vás ver neste mesmo instante... Onde está elle?... viste-o por ahi?...

— Se me não engano, vi-o no salão; havia lá