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Página:A escrava Isaura (1875).djvu/77

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olhos lançou-se sobre uma cadeira, soluçando e levando o lenço aos olhos.

— Leoncio! Leoncio!.. que tem?.. exclamou Malvina pálida de susto; e tomando a carta que Leoncio atirára sobre a mesa, começou a ler com voz entre-cortada:

«Leoncio, tenho a dar-te uma dolorosa noticia, para a qual teo coração não podia estar preparado. E’ um golpe, pelo qual todos nós temos de passar inevitavelmente, e que deves suportar com resignação. Teo pae já não existe; sucumbio ante-hontem subitamente, victima de uma congestão cerebral...»

Malvina não poude continuar; e nesse momento esquecendo-se das injurias e de tudo que lhe havia acontecido naquelle nefasto dia, lançou-se sobre seo marido, e abraçando-se com elle estreitamente, misturáva suas lagrimas com as delle.

— Ah! meo pae! meo pae!... tudo está perdido! — exclamou Isaura, pendendo a linda e pura fronte sobre o peito de Miguel. — Já nenhuma esperança nos resta!...

— Quem sabe, minha filha! — replicou gravemente o pai. — Não desanimemos; grande é o poder de Deus!...