Um homem espadaúdo e quadrado, de barba espessa e negra, de physionomia dura e repulsiva, apresenta-se á porta do salão, e vae entrando. Era o feitor. Acompanhava-o um mulato ainda novo, esbelto e aperaltado, trajando uma bonita libré de pajem, e conduzindo uma roda de fiar. Logo após elles entrou Isaura.
As escravas todas levantárão-se e tomárão a benção ao feitor. Este mandou collocar a roda em um espaço desoccupado, que infelizmente para Isaura ficava ao pé de Rosa.
— Anda cá, rapariga; — disse o feitor voltando-se para Isaura. — De hoje em diante é aqui o teo lugar; esta roda te pertence, e tuas parceiras que te dêm tarefa para hoje. Bem vejo, que te não ha-de agradar muito a mudança; mas que volta se lhe ha-de dar?... teo senhor assim o quer. Anda lá; olha, que isto não é piano, não; é acabar depressa com a tarefa para pegar em outra. Pouca conversa e muito trabalhar...
Sem se mostrar contrariada nem humilhada com a nova occupação, que lhe davão, Isaura foi sentar-se junto á roda, e pôz-se a preparal-a para dar começo ao trabalho. Posto que creada na sala, e empregada quasi sempre em trabalhos delicados, todavia era ella habil em todo o genero de serviço domestico: sabia fiar, tecer, lavar, engomar, e cosinhar tão bem ou melhor do que qualquer outra. Foi pois collocar-se com toda a