Houve um largo silêncio. Depois ele repetiu, martelando as palavras:
— Ou ele ou eu.
A mãe, com uma lividez de morta, não voltava da sua estupefação. Todo o corpo lhe tremia, e lágrimas vieram pouco a pouco borbulhando, grossas e pesadas, nos seus olhos estáticos. Tentou defender-se, chamar de calúnia aquela idéia; mas as palavras morreram-lhe na garganta, e ela encolheu-se na poltrona, cingindo os braços ao busto, como se tentasse esmagar o coração ofendido.
Mário caminhou nervosamente pelo quarto; depois, voltando-se para a mãe, ia falar ainda, mas viu-a de aspecto tão miserável, que uma súbita misericórdia se apoderou dele.
Ela chorava, muito encolhida, fazendo-se pequenina, no desejo de desaparecer.
— Perdoe-me, mamãe; mas que queria que eu dissesse!!
Camila levantou para o filho os olhos humilhados, e murmurou quase imperceptivelmente:
— Nada...
Mário recomeçou a passear, com as mãos nos bolsos, a cabeça baixa. Camila, ainda na poltrona, com as costas para a janela, os cotovelos fincados nos joelhos e o queixo nas mãos,