olhos de um marinheiro rude, ingênuo, sem a graça da palavra a tempo, nem a linha da distinção pessoal.
Que conservaria o capitão Rino no cérebro de tanta leitura inquietadora e extraordinária? Que nervos eram aqueles, tão perfeitos, que após tantas torturas e delícias pareciam intactos de comoções artísticas?
Daí - quem sabe? - toda aquela livralhada que ele marcara com o seu nome, no domínio da posse, viria de algum leilão, de alguma herança, não representando naquele gabinete mais que um mero adorno. Era o mais certo. Era mesmo a única hipótese verossímil; não admitia que o capitão Rino fosse amigo de intelectualidades. Aquele bruto! Fixou-o com atenção.
Não! não eram aqueles olhos límpidos, nem aquelas passadas que faziam tremer os rijos assoalhos, que revelariam a ninguém investigações da velha arte, turbadora como a febre ou como um vinho raro. Ninguém acreditaria que aquele homem grande, de carnes duras, faces rosadas como as de um menino são e modos bonachões, fosse capaz de entender Shakespeare!
Ler livros tais, anotá-los, amá-los, deleitar-se na sua convivência, era obra para outra espécie de criaturas. Aquilo