— Com o pretexto da doçaria, ela passava sempre revista ao pomar de Camila. O marido dava-lhe o braço, com a cabeça erguida, para que não lhe caíssem do nariz o pesado pince-nez de tartaruga.
— Foi um dia bem passado! disse depois Mila à sua gente.
Os outros concordaram.
Recolheram-se. Quando viu toda a casa silenciosa e fechada, Francisco Teodoro entrou no quarto das crianças.
Do gás em lamparina descia uma luz doce, atenuada por um globo de porcelana.
Em duas caminhas iguais, de ferro branco com varais dourados, e separadas apenas por um intervalo de um metro, as duas meninas dormiam profundamente, com os lençóis revoltos, as pernas nuas, os cabelos espalhados sobre as almofadas. Por acaso estavam ambas de papinho para o ar e lábios entreabertos.
Era a primeira vez que as achava semelhantes. Lia, batida de luz, parecia mais clara, tinha um joelho erguido, amparado pela aba da cama; a outra velava-se em uma meia sombra, com as mãos espalmadas no peitinho gordo.
Que dormir tão bonito. Quase que lhes lia os sonhos, através das pálpebras mimosas...