Página:A fallencia.djvu/420

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— Fala baixo! Bem, meus amores, vão antes que seja noite.

— Anda depressa, Noca.

— Mamãe, como nós vamos acompanhadas, podemos depois fazer um passeiozinho?

— Sim...

As crianças saíram com a mulata. Camila sorriu. A Providência não a desamparava. Ainda na sua casa havia sobras para dar...

A tarde caía com lentidão; a viúva, derreada na cadeira de balanço da sala de jantar, olhava pela janela aberta para a grande amendoeira do quintal, cujas folhas cor de ferrugem caíam espaçadamente, com um rumor tímido.

Invadia-a uma grande tristeza, um desejo vago de fugir, de sumir-se na transformação de uma essência diversa. A sua alma amorosa crescia-lhe dentro do peito na ânsia do calor do abraço e o sabor do beijo. Não podia mais, as roupas negras sufocavam-na, lembravam-lhe a todos os instantes aquele minuto inolvidável, que se lhe fixara na vida, que se repetia sessenta vezes em todas as horas e de que ela não se libertaria nunca!

Nunca? Quem sabe? a sua carne forte acordava de um longo letargo com frêmitos de mocidade, capaz de todos os prodígios. Se