Página:A fallencia.djvu/68

Wikisource, a biblioteca livre

— Arsênico... pra quê?! você tá doida?!...

— Pra nada! faça esta esmola...

E como Noca não estendesse a mão, a negrinha atafulhou-lhe o dinheiro, rapidamente, pela gola aberta do vestido, e voltou como uma seta para casa.

As cabritas andavam soltas, pastando nas ervas altas; o sol, muito quente, alvejava roupas estendidas nas ruas, e na torre repintada dos Capuchinhos o sino badalava, convidando à oração.

Noca apressava-se, arrastando as duas meninas. Logo que chegaram em baixo, ao largo da Mãe do Bispo, viram Mário passar no seu phacton, que ele mesmo guiava numa posição correta. O lacaio, sem descruzar os braços, sorriu para as crianças; o moço passou sem reparar nas irmãs, que ficaram com ar despeitado, agarradas à saia da ama.

O carro de Mário rodava já pela Guarda Velha, e Noca pensou:

— Ele vai ali, vai direitinho pra casa da tal Luiza, o diabo da mulher que lhe come os olhos da cara. Uhm! eu gostava de ver só!

O Dionísio dizia-lhe que a francesa era bonita e muito chic, e ela sentia no fundo uma curiosidade doida de conhecer a amante daquele rapaz que embalara nos braços e cujo