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A Familia Medeiros
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I

O comboio parára numa das estações da estrada de ferro paulista, no oeste da provincia de S. Paulo. Azeitando no corpo a capa de viagem, Octavio Medeiros apeou-se um movimento alegre e decisivo. Momentos depois o trem partia de novo, deitando ao ar da manhã, profundamente limpid, o seu silvo estridulo e à sua pluma de fumo muito branca que subia em espirae, desenrolando-se como uma bandeira victoriosa.

Octavio deixou as malas na estação e desceu a pé até a uma casa baixa, de tijolo vermelho e venezianas abertas. Numa janella emmoldurada de hera, cantava em modesta gaiola de arame, uma patativa parda, ave que elle não via ha muitos annos, e de lá de dentro da sala vinha o rumor monotono, da voz de um homem a lêr alto, sempre na mesma toada, um livro de sciencia. Octavio approximou-se, e, encostando-se ao peitoril, exclamou risonho:

— Bons dias, doutor Morton!

O doutor Morton voltou-se, demorando no recem-chegado os seus grandes olhos muito azues.

— Então não se recorda de mim ? continuava Octavio, sorrindo.

— Sim... sim... espere.. ah! é o Sr. Medeiros! Ora meu caro, entre, entre !

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