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Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/135

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ou se apresentava como parcel medonho repelindo as vagas rotas em furiosos escarcéus.

Alguns, porém, mais felizes gabavam-se de ter visto mais de perto a ilha, e contavam dela coisas maravilhosas. Estes confirmavam a antiga tradição assegurando ter visto nela a vagar pelas praias ou galgando os rochedos uma moça de estranha formosura, e que a ouviram cantando suavíssimas cantigas com a mais linda voz que é possível imaginar.

Asseveravam mais, que a ilha não era um rochedo estéril e nu, que por entre uma aberta da penedia tinham divisado pomares, laranjais carregados de frutos, frescos e deliciosos vergéis e jardim topados de mil brilhantes e viçosas flores.

Assim era essa ilha frequentemente o assunto das conversas e discussões dos pescadores, quando na praia se encontravam para os misteres cotidianos de sua lida.

— Não estão vendo? Olhem, lá está ela! — exclamou um velho barqueiro apontando para o horizonte.

— Onde, mestre Tinoco…?

— Acolá, Miguel, para onde aponta meu dedo; não vês ainda?

— Perfeitamente…! Oh! Como é bonita a tal ilha…! E a gente não pode lá ir…!