Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/157

Wikisource, a biblioteca livre

e bananeiras balanceando ao vento as longas palmas, e vergando-as ao peso de seus cachos dourados, além mangueiras isoladas carregadas de sazonados frutos e derramando da vasta e frondosa cúpula, sussurros, perfumes e ameníssima sombra sobre um chão de tenra e macia relva. Enfim moitas, latadas, grupos de arvoredos cobertos de frutos e flores, grutas, fontes, cascatas interrompiam a cada canto a uniformidade das risonhas colinas que, por fim, iam perder-se no azul do céu, formando na linha extrema os topes da medonha penedia que constituía o cinto externo da ilha banhado pelas ondas convulsionadas em eterna tempestade.

Dentro: a paz, o silêncio e a mais aprazível solidão; fora: o rugir perene do oceano em medonha e desesperada luta contra a rijeza e imobilidade dos cachopos inabaláveis! É assim a alma do justo: no meio da gruta infernal das paixões desenfreadas, e das mais violentas comoções que agitam a humanidade, conserva sempre a mesma paz e serenidade, porque tem na consciência pura o abrigo que a ampara das tormentas exteriores.

Este símile, porém, não tem aqui muito cabimento, porque infelizmente nenhum dos heróis que figuram nesta estupenda história está neste caso; pelo contrário, todos eles têm motivos de