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Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/162

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esguias, aprumadas, que ao longe se poderiam tomar por um bosque de ciprestes, fúnebre ornamento de alguma mansão mortuária. Também quem tivesse a imaginação algum tanto exaltada, contemplando à luz duvidosa do crepúsculo ou em noite de luar essas escuras massas, imóveis e sombrias, em pé à margem do lago, cuidaria ver nelas um bando de monges com a cabeça e braços escondidos debaixo do capuz e das largas mangas, embevecidos em mística e profunda meditação.

Por entre esse grupo de rochedos, a donzela desapareceu por momentos, e, depois de os atravessar, surgiu de novo à beira do lago e, com um gesto expressivo e gracioso, convidou o mancebo a que viesse desembarcar. Rodrigo, que acompanhava com os olhos os menores movimentos da fada, achava-se no centro do lago em completa calmaria, e como ali dentro mal respirava uma frouxa viração, que apenas poderia agitar os macios anéis ou os ligeiros véus da fronte de uma virgem, empunhou o remo e, dirigindo à praia o seu batel, ia cantando assim:

Por entre as ondas bravias
De mil tormentas batido
Em busca de um bem perdido
Voga em vão o batel meu.