Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/166

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aurora o cálice orvalhado de inocência e pudor; era agora a rainha do vale, que alçava o colo altivo alardeando aos esplendores do sol o mimo e o matiz das pétalas em todo o seu viço e louçania.

— Será mesmo Regina que estou vendo…? Não será isto sonho…?! — exclamou Rodrigo, externando por fim em voz alta a perplexidade e assombro em que sua alma se agitava.

— Quem mais senão ela? — respondeu a fada apertando-lhe docemente as mãos que tinha presas nas suas, e cravando-lhe na alma um olhar repassado da mais apaixonada ternura. — Não me conheces mais, Rodrigo? Estarei tão mudada assim?

— Mudada não estás; és a mesma Regina, porém mil vezes mais bela. Meu coração bem adivinhava que eras tu, que aqui te achavas, mas podia eu contar com teu amor, eu que fui tão cruelmente maltratado? Ainda não posso crer… dize-me ainda uma vez; deveras tu me tinhas amor…? Ainda não te esqueceste de mim?

— Oh! Juro-te, Rodrigo, amava-te…! Amei-te desde a primeira vez que te vi, e hoje te amo mais ainda, se é possível.

— Mas, entretanto, passado pouco tempo amaste outro homem… com ele te casaste, e…

— Cala-te, meu querido! — interrompeu Regina