levado todo para o túmulo, em que te julgava adormecido.
— Mas por que tanto me desdenhavas…?
— Eu nunca te desdenhei.
— Por que me fugias sempre? Por que nunca achaste para mim uma única palavra de esperança…? Por que sempre me flagelaras a alma com aquele estribilho de tua infernal canção:
Mancebo, vai em outra parte
Teus amores suspirar…?
— Ah! Não me entendias, e tinhas razão. Louca e caprichosa que eu era, queria que por meio de um gesto, de um olhar adivinhassem todo o meu pensamento. Sou filha do mar; não tenho outra pátria, e não conheci na terra pai, nem mãe, nem parentes. Entretanto eu crescia, e meu coração sentia necessidade de amar, e amei-te a ti, filho da terra, onde eu fizera voto de não amar a ninguém. Mas meu amante queria eu em meus cegos caprichos, que fugisse para sempre à terra, e me acompanhasse aos mares; era aqui, neste meu retiro inacessível aos demais filhos da terra, era aqui que eu queria que me amasse; era aqui que eu queria prendê-lo comigo, prendê-lo em meus braços, compreendes…?
— Mas eu cá vim um dia em teu seguimento