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Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/200

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— Não sei onde, nem quando nasci, nem tampouco quais foram meus pais. Sabes por certo que ainda em tenra idade fui achada quase morta em uma praia e recolhida e salva por uma pobre caridosa mulher, que me criou. Creio, entretanto, ter conservado uma vaga recordação dos tempos anteriores a essa data, um como sonho confuso que me representa na ideia coisas singulares e extraordinárias que eu vi nessa primeira quadra interrompida de minha existência. Afigura-se que minha infância se passou em lugares inteiramente diferentes daqueles, a que depois fui transportado. Foi como se eu tivesse morrido e depois ressuscitasse em um novo mundo que me era totalmente estranho, entre criaturas de uma natureza que me era desconhecida. Esses sonhos ou essas vagas reminiscências se me apresentavam à imaginação como as vagas e indefinidas formas de risonha paisagem, que se debuxa em longínquos horizontes entre as brumas de tarde vaporosa, e me traziam o espírito enlevado em contínua preocupação.

“Recordava-me que tivera outra mãe muito diversa em tudo da boa velha que me criou.

“Era uma mulher alva como jaspe, alta e garbosa, e de incomparável formosura; tinha a fronte, o colo e os braços ornados de finas pérolas e luzentes pedrarias. Habitava uns palácios esplêndidos