Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/216

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Fiquei aterrada imaginando que talvez, desanimado com o exemplo de tantos outros, muito depressa se teria entregado ao desalento e ao desespero, e, quem sabe, em breve teria o fim comum a todos os que tinham a desdita de amar-me.

“Eu, que jamais perguntei por ninguém, e que até ali vivia como indiferente ao resto da humanidade, ousei indagar dos habitantes da aldeia o que era feito do mancebo.

“‘Tu bem sabes, Regina, qual é a sorte de teus amantes’, respondiam-me à pressa, e evitando-me como a uma pessoa eivada de mal contagioso. ‘Queres saber de Ricardo…? Não penses mais nele, teve a sorte de seus irmãos.’”

— Ricardo! — exclamou o mancebo caindo delirante de amor e de alegria aos pés da fada encantadora. — Era eu, pois, esse mancebo adormecido, esse ente afortunado a quem o céu reservara a dita de despertar em teu seio a chama do primeiro amor…?!

— E quem mais poderia ser, Ricardo…?

— Oh! Acredito! Acredito…! Tu me amavas, e amas-me ainda, não é assim, Regina…? Repete-me ainda uma vez, mais outra e muitas… tamanha ventura ainda me parece um sonho…

— Não preciso repetir-te que te amo. Se eu