Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/295

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— Isto não pode ser toca de animais bravios, — disse Gaspar, — Consta a algum de vós, que hajam feras, que tenham seus covis assim dispostos de modo tão regular e uniforme?

— Não; nunca vimos, nem ouvimos falar em tal, — foi a resposta de todos.

— Portanto, meus amigos, — continuou Gaspar, — se existem esses tatus brancos de que nos falou a índia, aqui nestas furnas, deve ser a guarida dessa gente alva, que aborrece o dia, e só de noite sai de suas tocas. Mas não vejo motivo nenhum nisto para nos acobardar, meus bravos amigos. Nós, que temos feito frente a homens, que amam a luz, e não tem receio das trevas, e temos sabido escapar-lhes das garras, nenhum receio podemos ter desses imundos filhos das trevas. Eles só de noite aparecem, portanto tratemos de nos pôr a salvo em algum lugar, onde nos não possam ver, mas de onde os possamos espreitar e observar a nosso gosto. Amanhã, depois que se recolherem veremos o que se pode fazer para dar cabo deles.

— Como de dia não saem, e nada podem fazer, — dizia um deles, — o melhor que se pode fazer é tapar as bocas das furnas entulhando-as com as maiores pedras que pudermos carregar, assim emparedados, veremos por onde podem escapar-nos.