Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/309

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a esfuracarem as sepulturas de um cemitério infecto! e para cúmulo de misérias ter de ser ainda o alvo, em que se devem cevar os desejos amorosos de uma harpia repugnante e asquerosa! que sorte mesquinha e amargurada! quanto é preferível o destino desse meu companheiro, que ainda a pouco devoraram! antes minhas carnes, como as dele, já estivessem sendo digeridas por esses estômagos esfaimados! Oh! meu Deus! antes a morte, mil vezes a morte!

E o mísero paulista pedia a morte de todo seu coração.

Mas refletindo depois melhor e com mais calma, lembrou-se que talvez lhe não seria impossível evadir-se daquele inferno, e que o amor da índia longe de ser um estorvo, poderia proporcionar-lhe os mais favoráveis ensejos a sua fuga, contanto que ele soubesse haver-se com astúcia e habilidade. Pensou muito nisso, e por fim resolveu-se a viver e a esperar, e o que era mais penoso ainda, a corresponder aos repulsivos afagos de sua abominável amante.

A noite, que para eles era o dia, estava ainda longe de seu termo; portanto os tatus brancos tinham saído todos de novo a correr os campos, ficando apenas alguns rondando a caverna e