poucos, e tu, uma fraca menina, queres zombar dele…?
— Eu não zombo dele, mamãe; quero-lhe bem, ele também me quer. Eu acho que sou sereia, mamãe; com minhas cantigas, eu sei amansar ou embravecer as ondas do mar, conforme me parece. Quer ouvir como eu canto? Vá escutando:
Viver aqui não desejo
Nem no vale, nem na serra;
Eu não sou filha da terra,
Eu sou sereia do mar.
Correi, ondas mansamente,
Correi, vinde me buscar.
Nasci no seio das vagas
Numa gruta de cristal;
Em colunas de coral
O meu berço se embalou.
Ondas, levai-me convosco,
Que eu desta terra não sou.
O mar criou-me entre pérolas
Sobre fúlgidas areias;
Mago canto de sereias
Meus sonos acalentou.
Ondas, levai-me convosco,
Que eu também sereia sou.
Eu não sou filha da terra,
Vivo triste nestas plagas;