Página:A ilha maldita (seguido de) O pão de ouro. (1879).djvu/45

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a menina — para romper as ondas com denodo e vigor, não tenho inveja a ninguém, mas não há de ser a nado que jamais poderei vencer tamanha distância. Oh! Se eu pudesse ter um barquinho com vela e remo…! Um barquinho que fosse só meu, e em que eu sozinha pudesse me aventurar por esses mares, à hora que eu quisesse…! E por que não hei de tê-lo…? Vou pedir à mamãe, e hei de pedir-lhe tanto, tanto hei de importuná-la, que ela por força há de me dar um barquinho. Então, sim, hei de ver aquela ilha, hei de pôr o pé nela, custe o que custar.

Contente com a lembrança que tivera, e firme em sua resolução, Regina correu imediatamente a fazer o seu pedido. Felisbina a princípio arrepiou-se com tal ideia, e já com as armas da brandura, já com tom severo e imperioso, tentou demover a menina de semelhante propósito e impedir a realização dessa extravagante veleidade.

— Abrenuncio, minha filha! — exclamou ela. — Nem me fales em tal…! Eu dar-te um barco…! E deixar-te sozinha sair nele por esse mar afora…! Nem que eu fosse mais doida do que tu…! Se mesmo sem barco com tuas travessuras me trazes em contínuos cuidados e aflições, que diremos se te pilhas em um barco por esse mar além!