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Página:A illustre Casa de Ramires (1900).djvu/107

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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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com gosto os sordidos farrapos que lhe trapejavam nas canellas, mais denegridas e seccas que galhos de inverno:

— Rôtinhas, rôtinhas... Mas o Sr. dr. Julio diz que me ficam assim bem. O Sr. dr. Julio, quando lá passo, sempre me tira o retrato na machina. Ainda na semana passada... Até com uns pedaços de grilhões dependurados do pulso, e uma espada erguida na mão... Parece que para mostrar ao Governo.

Gonçalo, rindo, picou a egua. Pensava agora em alongar por Valverde: depois recolheria por Villa-Clara, e tentaria o Gouvêa a partilhar na Torre um cabrito assado no espeto de cerejeira, para que elle na vespera, na Assembléa, convidára o Manoel Duarte e o Titó. Mas ao atravessar a «Cruz das Almas», onde a estrada de Corinde, tão linda, com as suas filas d’alamos, crusa a ladeira de Valverde, parou — notando ao fundo, para o lado de Corinde, como o confuso esbarro d’uma carrada de lenha, e uma carriola d’açougue, e uma mulher de lenço escarlate bracejando sobre a albarda d’um burro, e dous lavradores de enxada ás costas. E, de repente, todo o encalhe se despegou — a mulher trotando no seu burrinho, logo sumida n’uma volta de arvoredo; a carriola solavancando n’um rolo leve de poeira; o carro avançando para a «Cruz das Almas» a