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Página:A illustre Casa de Ramires (1900).djvu/116

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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

e que voz!...» D. Anna tambem se recordava do baile dos Marges:

— O cavalheiro, porém, está equivocado. Eu não fui de Russa, fui de Imperatriz...

— Sim, d’Imperatriz da Russia, de Grande Catharina... E com um gosto! com um luxo!

Sanches Lucena voltou vagarosamente para Gonçalo os oculos d’ouro, apontou um dedo alongado e livido:

— Pois tambem eu me lembro que sua mana, e minha senhora, a Sr. aD. Graça, trazia um trage de lavradeira de Vianna... Foi uma luzidissima festa; nem admira; o nosso Marges é sempre primoroso... E desde essa noite não tornei a encontrar a mana de V. Ex. aem intimidade. Apenas de longe, na missa...

De resto pouco residia agora em Oliveira, apesar de conservar a casa montada, creadagem e cocheira — porque, ou culpa do ar ou culpa da agua, não se dava bem na Cidade.

Gonçalo acalorou mais o seu interesse:

— Mas então, realmente, V. Ex. ao que tem tido?

Sanches Lucena sorriu, com amargura. Os medicos, em Lisboa, não se entendiam. Uns attribuiam ao estomago — outros attribuiam ao coração. Portanto, aqui ou alli, viscera essencial atacada. E soffria crises — más crises... Emfim, com a graça de