raras são então as armadas e os combates de Oriente em que se não esforce um Ramires — ficando na lenda tragico-maritima aquelle nobre capitão do Golpho Persico, Balthazar Ramires, que, no naufragio da Santa Barbara, reveste a sua pesada armadura, e no castello de prôa, hirto, se afunda em silencio com a náu que se afunda, encostado á sua grande espada. Em Alcacer-Kebir, onde dous Ramires sempre ao lado d’El-Rei encontram morte soberba, o mais novo, Paulo Ramires, pagem do Guião, nem lezo nem ferido, mas não querendo mais vida pois que El-Rei não vivia, colhe um ginete solto, apanha uma acha d’armas, e gritando: — «Vai-te, alma, que já tardas, servir a de teu senhor!» — entra na chusma mourisca e para sempre desapparece. Sob os Philippes, os Ramires, amuados, bebem e caçam nas suas terras. Reapparecendo com os Braganças, um Ramires, Vicente, Governador das Armas d’Entre-Douro e Minho por D. João IV, mette a Castella, destroça os Hespanhoes do Conde, de Venavente, e toma Fuente-Guiñal, a cujo furioso saque preside da varanda d’um Convento de Franciscanos, em mangas de camisa, comendo talhadas de melancia. Já, porém, como a nação, degenera a nobre raça... Alvaro Ramires, valido de D. Pedro II, brigão façanhudo, atordôa Lisboa com arruaças, furta a mulher d’um Védor da Fazenda que mandára matar a pauladas
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