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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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Desconcertado, o Gouveia rebuscava com desespero o seu chapeu côco. Só o Titó, que as abominava e a quem ellas chamavam o Polyphemo, retirou com serenidade, abrigando o Padre Sueiro sob o seu braço forte. E já o bando espavorido se arremessára sobre o reposteiro — quando Gracinha appareceu, com um fresco vestido de sedinha côr de morango, sorrindo, pasmada, para o tropel que rolava:

— Que foi? Que foi?...

Um clamor abafado envolveu a dôce senhora ameaçada:

— As Louzadas!

— Oh!

Fugidiamente o Titó e João Gouveia apertaram a mão que ella lhes abandonou, esmorecida. A sineta do portão tilintára, temerosa! E a fila acavallada, onde Padre Sueiro rebolava a reboque, enfiou para a livraria que o Barrôlo aferrolhou, gritando ainda a Gracinha, com uma inspiração:

— Esconde as sangrias!

Pobre Gracinha! Atarantada, sem tempo de chamar o escudeiro, carregou ella para uma banqueta do corredor, n’um esforço desesperado, a pesada salva — com que as Louzadas, se a descortinassem, edificariam por sobre a cidade, e mais alta que a Torre de S. Matheus, uma historia pavorosa de «vinhaça e bebedeira». Depois, offegando, relanceou no