E sem emperrar, sem rascunhar, n’um d’esses soltos fluxos de Prosa que brotam da paixão, improvisou uma Correspondencia rancorosa para a Gazeta do Portocontra o Snr. Governador Civil. Logo o titulo fulminava — Monstruoso attentado! Sem desvendar o nome da familia Noronha, contava miudamente, como um acto certo e por elle testemunhado, «a tentativa villôa e baixa da primeira Auctoridade do Districto contra a pudicicia, a paz de coração, a honra de uma doce rapariga de dezeseis primaveras!» Depois era a resistencia desdenhosa — «que a nobre creança oppuzera ao Don Juan administrativo, cujos bellos bigodes são o espanto dos povos!» Por fim vinha — «a desforra torpe e sem nome que S. Ex. atomára sobre o zeloso empresado (que é tambem um talentoso artista), obtendo d’este nefasto Governo que fosse transferido, ou antes arrojado, cruelmente exilado, com a familia de tres delicadas senhoras, para os confins do Reino, para a mais arida e escassa das nossas Provincias, por o não poder empacotar para a Africa no porão sordido d’uma fragata!» Lançava ainda alguns rugidos sobre «a agonia politica de Portugal». Com pavor triste, recordava os peiores tempos do Absolutismo, a innocencia soterrada nas masmorras, o prazer desordenado do Principe sendo a expressão unica da Lei! E terminava perguntando ao Governo se cobriria este seu agente — «este grotesco Nero, que
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