— Pois, meu amiguinho, quem ouviu, e um famoso estampido, foi o pobre Noronha. Arremessado para o fundo do Alemtejo, para um sitio doentio, coalhado de pantanos. É a morte... É uma condemnação á morte!
A esta apparicão da Morte, surdindo dos pantanos, Barrôlo atirou uma palmada ao joelho, desconfiado:
— Mas quem diabo te contou tudo isso?
O Fidalgo da Torre encarou o cunhado com desdem, com piedade:
— Quem me contou!? E quem me contou que D. Sebastião morreu em Alcacer-Kebir?... São os factos. É a Historia. Toda Oliveira sabe. Por acaso ainda esta manhã o Guedes e eu conversamos sobre o caso. Mas eu já sabia!... E tenho tido pena. Que diabo! Não ha crime em se estar apaixonado como o pobre André. Louco, perdido! Até a chorar na Repartição, deante do Secretario Geral. E a rapariga ás gargalhadas!... Agora onde ha crime, e horrendo, é na perseguição ao irmão, ao pagador, empregado excellente, d’um talento raro... E o dever de todo o homem de bem, que prese a dignidade da Administração e a dignidade dos costumes, é denunciar a infamia... Eu, pela minha parte, cumpri esse bom dever. E com certo brilho, louvado Deus!
— Que fizeste?