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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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Tolhida pois a passagem! E em que desigualado recontro! Mas o denodado Ramires não duvidou avançar, travar peleja. Sósinho que assomasse ao valle, com uma quebradiça lança de monte, arremetteria contra todo o arraial do Bastardo... — No emtanto já o adail de Bayão se adeantára, curveteando no rosilho magro, com a espada atravessada por cima do morrião que pennas de garça emplumavam. E pregoava, atroava o valle com o rouco pregão:

— Deter, deter! que não ha passagem! E o nobre senhor de Bayão, em recado d’El-Rey e por mercê de Sua Senhoria, vos guarda vidas salvas se volverdes costas sem rumor e tardança!

Lourenço Ramires gritou:

— A elle, besteiros!

Os virotes assobiaram. Toda a curta ala dos cavalleiros de Santa-Ireneia tropeou para dentro do valle, de lanças ristadas. E o filho de Tructesindo, erguido nos estribões de ferro, debaixo do panno solto do seu pendão que apressadamente o alferes saccára da funda, descerrou a vizeira do casco para que lhe mirassem bem a face destemida, e lançou ao Bastardo injurias de furioso orgulho:

— Chama outros tantos dos villões que te seguem que, por sobre elles e por sobre ti, chegarei esta noite a Monte-Mór!

E o Bastardo, no seu fouveiro, que uma rêde de