da Calçadinha, por onde descambou como uma pedra solta. Quando se deteve no Largo do Chafariz, um môcho piava na torre da Camara, melancolisando o repouso de Villa-Clara apagada e adormecida. Mais impressionado, Gonçalo correu á taberna da Serena, recolheu os creados que esperavam jogando a bisca lambida. E com elles atravessou de novo a Villa até á cocheira do Torto — para recommendar que lhe mandassem á Torre, ás nove horas da manhã, a parelha russa.
Atravez do postigo, que se abrira com cautella no portão chapeado, a mulher do Torto gemeu, indecisa:
— Ai, meu Deus, não sei se poderá... Elle ás nove tem um serviço... Pois não faria mais conta ao Fidalgo ahi pela volta das onze?
— Ás nove! berrou Gonçalo.
Desejava apear cêdo ao portão do Governo Civil para evitar a curiosidade d’aquelles cavalheiros de Oliveira — que, depois do meio dia, se juntavam na Praça, vadiando por debaixo da Arcada.
Mas ás nove e meia Gonçalo, que até ao luzir da madrugada se agitára pelo quarto n’um tumulto d’esperanças e receios — ainda se barbeava, em camisa, deante do vasto espelho de coluninas douradas. Depois