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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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a caleche da Torre. Entre os amigos rompeu um clamor:

— Viva! Reconciliação!

— Acabou a guerra das Rosas!

— E as correspondencias da Gazeta do Porto?...

— É que houve peripecia tremenda!

— Temos o Gonçalinho administrador d’Oliveira!

— Upa, Ex. moSnr., upa!

Mas de novo emmudeceram. O Cavalleiro e o Fidalgo reappareciam, n’uma enfronhada conversa, que os deteve um momento esquecidos, na evidencia da varanda escancarada. Depois o Cavalleiro, com uma familiaridade carinhosa, bateu nas costas do Gonçalo — como se publicasse a sua reconciliação diante da Praça maravilhada. E outra vez se sumiram, n’esse passear conversado e intimo, que os trazia da sombra do gabinete para a claridade da janella, roçando as mangas, misturando o fumo leve dos charutos. Em baixo o bando crescia, mais excitado. Passára o Mello Alboim, o Barão das Marges, o Dr. Delegado: e, chamados com ancia, cada um correra, devorára esgazeadamente a novidade, embasbacára para o velho balcão de pedra que o sol dourava. Os grossos ponteiros do relogio do Governo Civil já se acercavam das quatro horas. Os dous Villa-Velhas, outros «rapazes», estafados, retrocederam ás cadeiras de verga da Tabacaria. O Dr. Delegado,