— E a quem deve vossê tudo isso, Gonçalinho?... Cá ao meco!»
Na quarta-feira, ao accordar, tarde, o seu pensamento saltou logo soffregamente para o André Cavalleiro, que a essa hora, em Lisboa, almoçava no Hotel Central (sempre, desde rapaz, André se conservára fiel ao Hotel Central). E todo o dia, fumando cigarros insaciavelmente atravez do silencio da casa e da quinta, seguiu o Cavalleiro nos seus giros de Chefe de Districto, pela Baixa, pela Arcada, pelos Ministerios... Naturalmente jantaria com o tio Reis Gomes, Ministro da Justiça. Outro convidado certamente seria o José Ernesto, Ministro do Reino, condiscipulo do Cavalleiro, seu confidente politico... N’essa noite, pois, tudo se decidia!
— Ámanhã, pelas dez horas, tenho cá telegramma do André.
Nenhuma noticia chegou á Torre: — e o Fidalgo passou a lenta quinta feira á janella, vigiando a estrada poeirenta por onde surdiria o moço do telegrapho, um rapaz gordo que elle conhecia pelo bonné d’oleado e pela perna manca. Á noitinha, intoleravelmente inquieto, mandou um moço a Villa-Clara. Talvez o telegramma arrastasse, esquecido, pela mesa d’aquella «besta do Nunes do Telegrapho!» Não havia telegramma para o Fidalgo. Então ficou certo de surgirem em Lisboa difficuldades! E toda a