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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

Se o Snr. Dr. tinha promettido... Ámanhã lá tem o homem!

Lentamente ella limpava as lagrimas, já silenciosas, á ponta do avental negro. Mas, ainda desconfiada, com os tenebrosos olhos mais arregalados, devorando Gonçalo. E o Fidalgo mandava com certeza a ordem, cedinho, de madrugada?... — Foi o Bento que a convenceu, com violencia:

— Oh mulher, vossê até parece atrevida! Ora essa! Pois duvida da palavra do Snr. Dr.?

Ella soltou o avental, baixou a cabeça, suspirou simplesmente:

— Ai, então muito obrigada, seja pela felicidade de todos...

E agora a curiosidade de Gonçalo procurava os pequenos que ella acarretára desde os Bravaes atravez da chuva cerrada. A pequenina de mama dormia com beatitude sobre a tampa de uma arca, onde a boa Rosa a aconchegára entre mantas e fronhas. Mas o pequeno, de sete annos, encolhido n’uma cadeira deante do lume, rente ao lençol que seccava, seccando tambem, com a carinha afogueada de febre, tossia despedaçadamente, n’um cabecear de somno e cançasso, a arquejar, a gemer contra a tosse que o esfalfava. Gonçalo pousou a boceta de alperces na arca, palpou a mão com que elle, sem cessar, raspava pela