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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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— E emfim o Snr. Antonio Villalobos vem hoje um moralista muito terrivel, um Catão com quem se não pode jantar!... Ora foi sempre o costume dos Philosophos muito rispidos fugir da sala do banquete onde triumpha o devasso, e protestar comendo na cosinha!

Titó, serenamente, virou as costas magestosas.

— Onde vaes, ó Titó?

— Para a cosinha!

E, como Gonçalo ria, Titó, junto da porta, girando como uma torre que gira, encarou o seu amigo:

— Sério, sério, Gonçalo! Eleição, reconciliação, submissão, e tu em Lisboa ás cortezias ao S. Fulgencio, e em Oliveira de braço dado com o André, tudo isso me parece que destoa... Mas emfim se a Rosa hoje se apurou, não alludamos mais a cousas tristes!

E Gonçalo bracejava, de novo protestava — quando o violão resoou no corredor, com as patadas bem marchadas do Gouveia, e o Fadorecomeçou, mais meigo, mais glorificador:

 — Velha casa de Ramires,
Honra e flor de Portugal!