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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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o ruborsinho a surdir, a raiar, do fundo das petalas brancas... Oh, que escarlate! Oh, que divino escarlate!

O Cavalleiro cruzára os braços, com gracejadora melancolia:

— Pois vê tu! Tal é a minha solidão social e sentimental que, com todas estas rosas abertas, não tenho a quem mandar um ramo!... Estou reduzido a florir as Louzadas!

Um escarlate, mais vivo do que as rosas que gabava, cobriu as faces do Fidalgo:

— As Louzadas! Oh que desavergonhadas!

André atirou ao seu amigo os lustrosos olhos, n’um inquieto reparo de curiosidade:

— Por quê?... Desavergonhadas, por quê?

— Por quê? Por que o são! Pela sua natureza, e pela vontade de Deus!... São desavergonhadas como estas rosas são vermelhas.

E o Cavalleiro, tranquillisado:

— Ah, genericamente... Com effeito têm immensa peçonha. Por isso eu as cubro de rosas. E em Oliveira, todas as semanas, meu filho, tomo com ellas um chá respeitoso!

— Pois não as amansas, rosnou o Fidalgo.

Mas o Matheus apparecêra nos degraus de tijolo com o guardanapo na mão, a calva rebrilhando ao sol. Era o almoço. O Cavalleiro colheu para Gonçalo