Depois, pousando a garrafa, mais sério:
— Quem é?
Oh! ella não podia confessar. Não era ainda bastante velha para andar com recadinhos de sentimento. Mas Gonçalo dispensava o nome — só desejava as qualidades... Nova? Bonita?
— Bonita? exclamou D. Maria. É uma das mulheres mais formosas de Portugal!
Espantado, Gonçalo lançou o nome:
— A D. Anna Lucena!
— Por quê?
— Por que mulher assim tão formosa, e vivendo n’estes sitios, e tão conhecida da prima que lhe faz confidencias, só a D. Anna.
D. Maria, ageitando as duas rosas que lhe alegravam o corpete de sêda preta, sorria:
— Talvez seja, talvez seja...
— Pois estou immensamente lisongeado. Mas ainda distingo, como o Manoel Duarte. Se, da parte d’ella, essa sympathia toda é para o bom fim, não! Não, santo Deus, não!... Mas se é para o mau fim, então, prima, cumprirei honradamente o meu dever dentro das minhas forças...
D. Maria escondeu a face no leque, escandalisada. Depois, espreitando, com os agudos olhos a faiscar:
— Oh primo, mas o bom fim é que convinha,