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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

suas terras, por onde vae ser eleito para as Côrtes. É o teu papel...

O Barrôlo com um riso enlevado, surdiu entre os dous amigos que enlaçou ternamente pela cinta:

— E nós cá ficamos, ambos a trabalhar, o Cavalleiro e eu!...

Mas D. Maria, do canapé onde se enterrára, reclamou o primo Gonçalo «para negocios.» Junto d’uma console, João Gouveia e Padre Sueiro, remexendo o seu café, concordavam na necessidade d’um Governo forte. E Gracinha, com o primo Mendonça, revolvia as musicas sobre a tampa do piano, procurando o Fado dos Ramires. Mendonça tocava com corredio brilho, composera valsas, um hymno ao Coronel Trancoso, o heroe de Machumba — e mesmo o primeiro acto d’uma opera, A Pegureira. E como não descortinavam o Fadocom as quadras do Videirinha — foi justamente uma das suas valsas, a Perola, d’uma cadencia amorosa e cançada lembrando a valsa do Fausto, que elle atacou, sem largar o charuto.

Então André Cavalleiro, que repenetrára vagarosamente na sala, repuxou o collete, afagou o bigode, e avançando para Gracinha, com um modo meio grave, meio folgazão:

— Se V. Ex. ame quer dar a grande honra?...

Offerecia, abria os braços. E Gracinha, toda escarlate,