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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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palha! E em baixo foi como se contemplasse a Deusa da Fortuna na sua roda ligeira.

— Oh prima Maria, que surpreza!... Que felicidade!

Debruçada da portinhola da carruagem (a caleche azul da Feitosa), D. Maria Mendonça, com um chapeu novo enramalhetado de lilazes, desculpou atrapalhadamente e rindo o seu silencio. Recebera a carta do primo muito atrasada... Sempre o fatal carteiro, tropego e bebedo... Depois uns dias muito atarefados em Oliveira com a Annica, que preparava para o inverno a casa da rua das Vellas.

— E finalmente, como devia uma visita em Villa-Clara á pobre Venancia Rios, que tem estado doente, achei mais simples e mais completo parar na Torre... E então?

Gonçalo sorria, embaraçado:

— Então, nada de grave, mas... É que desejava conversar comsigo... Por que não entra?

Abrira a portinhola. Ella preferia passear na estrada. E ambos s’encaminharam para o velho banco de pedra que os alamos abrigavam em frente ao portão da Torre. Gonçalo sacudiu com o lenço a ponta do banco.

— Pois, prima Maria, eu desejava conversar... Mas é difficil, tão difficil!... Talvez o melhor seja atacar a questão brutalmente.