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Página:A illustre Casa de Ramires (1900).djvu/41

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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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que restavam do antigo Palacio, restaurado por Vicente Ramires depois da sua campanha em Castella, incendiado no tempo de El-Rei D. José I. Então Gonçalo desceu dous degráos da gasta escadaria de pedra e atirou outro dos longos brados com que atroava a Torre — desde que as campainhas andavam desmanchadas. E descia ainda para invadir a cozinha quando a Rosa acudio. Sahira para o pateo da horta com a filha da Crispola! não sentira o Snr. Doutor!...

— Pois estou a berrar ha uma hora! E nem você nem Bento!... É por que não janto. Vou cear a Villa Clara com os amigos.

A Rosa, do sonoro fundo do corredor, protestou, desolada. Pois o Sr. Doutor ficava assim em jejum até horas da noite? — Filha d’um antigo hortelão da Torre, crescida na Torre, já cozinheira da Torre quando Gonçalo nascêra, sempre o tratára por «menino», e mesmo por «seu riquinho» até que elle partio para Coimbra e começou a ser, para ella e para o Bento, o «Sr. Doutor». — E o Sr. Doutor, ao menos, devia tomar o caldinho de gallinha, que apurára desde o meio dia, cheirava que nem feito no céo!

Gonçalo, que nunca discordava da Rosa ou do Bento, consentio — e já subia, quando reclamou ainda a Rosa para se informar da Crispola, uma desgraçada