— Linda, Videirinha... E obrigado. Vossê hoje tocou divinamente!
Gonçalo entrára na sala dos retratos, pousára apenas o castiçal — quando, por baixo da varanda aberta, o vozeirão do Titó retumbou:
— Oh Gonçalo, desce cá abaixo.
O Fidalgo rolou pelos degraus com soffreguidão. Para além dos alamos, no luar da estrada, Videirinha afinava o violão. E apenas a face do Fidalgo surdio na claridade da porta o Titó, que esperava com o chapéo para a nuca, desabafou:
— Oh Gonçalo, tu ficaste amuado... É tolice! E entre nós não quero sombras. Então lá vae! Tu não podes casar com essa mulher por que ella teve um amante. Não sei se antes ou depois d’esse teve outro. Não ha creatura mais manhosa, nem mais disfarçada. Não me venhas agora com perguntas. Mas fica certo que ella teve um amante. Sou eu que t’o affirmo: e tu sabes que eu nunca minto!
Bruscamente metteu á estrada, com os possantes hombros vergados. Gonçalo não se movera de sobre os degraus de pedra, deante dos mudos alamos, como elle immoveis. Uma palavra passára, irreparavel, no macio silencio da noite e da lua — e eis o alto sonho que elle construira sobre a D. Anna e a sua belleza e os seus duzentos contos despenhado no lodo! Lentamente subio, repenetrou