a infusa. E já Gonçalo se arrependia da sua violencia. Coitado, não era culpa do Bento se a vida lhe andava a elle tão estragada e sacudida! Depois, em casa tão antiga, não destoava a tradição dos antigos aios. E o Bento com perfeito rigor lhes reproduzia a rabugice e a lealdade! Mas ascendencia, e livre fallar bem lhe cabiam — bem os merecia por tão longa, tão provada dedicação...
O Bento, ainda vermelho e inchado, voltava com a infusa fumegante. E Gonçalo logo docemente, para o adoçar:
— Dia muito bonito, hein, Bento?
O velho rosnou, ainda amuado:
— Muito bonito.
Gonçalo ensaboava a face, rapidamente, na impaciencia de reatar com o Bento, de lhe restabelecer a supremacia amoravel. E por fim mais doce, quasi humilde:
— Pois se achas o dia assim bonito, dou um passeio a cavallo antes d’almoço. Que te parece? Talvez me faça bem aos nervos... Com effeito, aquelle cognac não me convém... Então, Bento, faze o favor, grita ahi ao Joaquim que me tenha a egoa prompta immediatamente. Com certeza me acalma, uma galopada... E no banho agora a agua bem esperta, bem quente. Tambem me acalma a agua quente. Por isso necessito sempre agua bem quente, a ferver.