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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

Justiça n’um perro, filho de perra, que matou vilmente, e assim morra vilmente por ella!...

Trez vezes pregoou por deante da hoste apinhada nos cerros. Depois quedou, saudou humildemente Tructesindo Ramires, o velho Castro, — como a julgadores no seu Estrado de julgamento.

— Aviae, aviae! bradava o Senhor de Santa Ireneia.

Immediatamente, a um commando do Sabedor, seis bésteiros, com as pernas embrulhadas em mantas da carga, ergueram o corpo do Bastardo como se ergue um morto enrolado no seu lençol, e com elle entraram na agua, até ao mais alto pilar de granito. Outros, arrastando molhos de cordas, correram pelo limoso passadiço de traves. Com um alarido d’ aguenta! endireita! alça!n’um desesperado esforço o robusto corpo branco foi mergulhado n’agua até ás virilhas, arrimado ao mais alto pilar, depois n’elle atado com um longo calabre que, passando pela argola de ferro, o suspendia, sem escorregar, tão seguro e collado como um rôlo de vela que se amarra ao mastro. Rapidamente os bésteiros fugiram d’agoa, desentrapando logo as pernas, que palpavam, raspavam no horror das bichas sugadoras. Os outros recolheram pelo passadiço, n’uma fila que se empurrava. No Pego ficava Lopo de Bayão bem arranjado