dois annos que não vejo a D. Anna Lucena. É uma linda mulher!
— Pois quando o Sr. Doutor estava em Lisboa elles passaram ahi, na caleche. Até pararam, e o Sr. Sanches Lucena apontou para a Torre, a mostrar á senhora... Mulher muito perfeita! E traz uma grande luneta, com um grande cabo, e um grande grilhão, tudo d’oiro...
— Bravo!... Encharca bem esse lenço com agoa de Colonia, que tenho a cabeça tão pesada!... Essa D. Anna era uma jornaleira, uma moça do campo, de Corinde?
Bento protestou, com o frasco suspenso, espantado para o Fidalgo:
— Não senhor! A Snr. aD. Anna Lucena é de gente muito baixa! Filha d’um carniceiro d’Ovar... E o irmão andou a monte por ter morto o ferrador d’Ilhavo.
— Emfim, resumiu Gonçalo, filha de carniceiro, irmão a monte, bella mulher, luneta d’oiro... Merece fato novo!
Em Villa-Clara, ás dez horas, sentado n’um dos bancos de pedra do Chafariz, sob as olaias, o Titó esperava com o amigo João Gouveia — que era o Administrador do Concelho da Villa. Ambos se abanavam