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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

Já a peonagem cerrava as quadrilhas, os donzeis d’armas puxavam para a ribanceira os ginetes folgados que a vasta agua escura assustava. E, com os dous balsões tendidos, o Açor negro, as Treze Arruellas, a fila da cavalgada atirou o trote pelo barranco empinado, d’onde as pedras soltas rolavam. No alto, alguns cavalleiros ainda se torciam nas sellas para silenciosamente remirarem o homem de Bayão, que lá ficava, amarrado ao pilar, na solidão do Pego, a apodrecer. Mas quando a ala dos bésteiros e fundibularios de Santa Ireneia desfilou, uma rija grita rompeu, com chufas, sujas injurias ao «perro matador». A meio da escarpa, um bésteiro, virando, retezou furiosamente a bésta. A comprida garruncha apenas varou a agua. Outra logo zinio, e uma bala de funda, e uma setta barbada, — que se espetou na ilharga do Bastardo, sobre um negro novello de bichas. O Coudel berrou: «cerra! anda!» A récua das azemolas de carga avançava, sob o estralar dos lategos: os moços da carriagem apanhavam grossos pedregulhos, apedrejavam o morto. Depois os servos carreteiros marcharam, nos seus curtos saios de couro crú, balançando um chuço curto: — e o capataz apanhou simplesmente esterco das bestas, que chapou na face do Bastardo sobre as finas barbas d’ouro.