d’entre o sombrio Castello Affonsino, e que dominava Santa Ireneia durante a dynastia d’Aviz, ligada ainda por claras arcarias d’um terraço ao Palacio de gosto italiano, em que Vicente Ramires converteu o Paço manuelino depois da sua campanha de Castella: isolada no pomar, mas sobranceando o casarão que lentamente se edificára depois do incendio do Palacio em tempo d’El-Rei D. José, e a derradeira certamente onde retiniram armas e circularam os homens do Terço dos Ramires — ella ligava as edades e como que mantinha, nas suas pedras eternas, a unidade da longa linhagem. Por isso o povo lhe chamára vagamente a «Torre de D. Ramires». E Gonçalo, ainda sob a impressão dos avós e dos tempos que resuscitára na sua Novella, admirou com um respeito novo a sua vastidão, a sua força, os seus empinados escalões, os seus muros tão espessos, que as frestas esguias na espessura se alongavam como corredores, escassamente allumiadas pelas tigelinhas d’azeite, com que o Bento as despertára. Em cada um dos trez sobrados parou, penetrando curiosamente, quasi com uma intimidade, nas salas núas e sonoras, de vasto lagedo, de tenebrosa abobada, com os assentos de pedra, estranho buraco ao meio, redondo como o d’um poço e ainda pelas paredes riscadas de sulcos de fumos, os anneis dos tocheiros. Depois em cima, no immenso eirado que a fieira de lamparinas,
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