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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

egoa ingleza, de meio sangue, comprada em Londres. Tambem Padre Sueiro remexera, pelo Archivo, zelosamente, com um espanejador. E até o Pereira da Riosa, o bom rendeiro, apressava desde madrugada dois moços na final limpeza da horta, agora muito cuidada, já com meloal, já com morangal, e duas novas ruas, ambas bordadas de roseiras e recobertas de latada que a parra densa já recobria.

Com efeito a Torre, entre a alvoroçada alegria de todos, enfeitava a sua velhice — por que no Domingo, depois dos seus quatro annos d’Africa, Gonçalo regressava á Torre.

E Gracinha, estendida no canapé com o seu velho avental branco, sorrindo pensativamente para a quinta silenciosa, para o ceu todo córado sobre Valverde, recordava esses quatro annos, desde a manhã em que abraçára Gonçalo, suffocada e a tremer, no beliche do Portugal... Quatro annos! Assim passados, e nada mudára no mundo, no seu curto mundo d’entre os Cunhaes e a Torre, e a vida rolára, e tão sem historia como rola um rio lento n’uma solidão: — Gonçalo na Africa, na vaga Africa, mandando raras cartas, mas alegres, e com um enthusiasmo de fundador de Imperio; ella nos Cunhaes, e o seu Barrôlo, n’um tão quieto e costumado viver, que eram quasi d’agitação os jantares em que reuniam os Mendonças, os Marges, o coronel do 7, outros amigos, e