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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

genebra com uma carantonha, acudiu, n’um resumo varredor, condemnando todo o Alemtejo como uma desgraçada illusão!

Estirado por sobre a mesa, o Administrador gritava:

— Você já esteve no Alemtejo?

— Tambem nunca estive na China, e...

— Então não falle! Só a vinha espantosa que plantou o João Maria...

— Quê! Umas cem pipas de zurrapa! Mas, n’outros sitios, legoas e legoas sem...

— Um celleiro!

— Uma charneca!

E atravez do tumulto o Videirinha, repenicando com solitario ardor, levado na torrente d’ais do «fado» da Ariosa, soluçava contra uns olhos negros, donos do seu coração:

Ai! que dos teus negros olhos
Me vem hoje a perdição...

O petroleo dos candieiros findava: e o Gago, reclamado para trazer castiçaes, surdio em mangas de camisa, detraz d’uma cortina de chita, com a sua esperta humildade banhada em riso, lembrando a suas Excellencias que passava da uma horasinha da noite... O Administrador, que detestava noitadas,