Saltar para o conteúdo

Página:A illustre Casa de Ramires (1900).djvu/58

Wikisource, a biblioteca livre
50
A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

ordem, como Hercules, nas cavallariças d’Oliveira! O Fidalgo rugia. E Videirinha, com o violão resguardado atraz das costas, supplicava aos amigos que recolhessem á taberna, para não alvorotar a rua...

— Tanto mais que defronte, coitada, a sogra do Dr. Venancio está desde hontem com a pontada!

— Pois então, berrou Gonçalo, não venham com disparates que revoltam! Dizer você, Gouveia, que Oliveira nunca teve Governador Civil como o Cavalleiro!... Não é por meu pae! O papá já lá vae ha trez annos, infelizmente. E concordo que não fosse boa auctoridade. Era frouxo, andava doente... Mas depois tivemos o Visconde de Freixomil. Tivemos o Bernardino. Você serviu com elles. Eram dois homens!... Mas este cavallo d’este Cavalleiro! A primeira condição para a auctoridade superior d’um Districto é não ser burlesca. E o Cavalleiro é d’entremez! Aquella guedelha de trovador, e a horrenda bigodeira negra, e o olho languinhento a pingar namoro, e o papo empinado, e o pó-pó-poh! É d’entremez! E estupido, d’uma estupidez fundamental, que lhe começa nas patas, vem subindo, vem crescendo. Oh senhores, que animal!... Sem contar que é malandro.

Teso na sombra do immenso Titó, como uma estaca junto d’uma torre, o Administrador mordia o charuto. Depois, de dedo espetado, com uma serenidade cortante: