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Página:A illustre Casa de Ramires (1900).djvu/82

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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

Á moça, que na fonte enchia a bilha,
O frade rouba um beijo e diz Amen!

Mas Gonçalo hesitava em desmanchar com um beijo de clerigo a pompa d’aquella formosa sortida d’armas... E mordia pensativamente a rama da penna — quando a porta da livraria rangeu.

— O correio...

Era o Bento com os Jornaes e duas cartas. O Fidalgo apenas abriu uma, lacrada com o enorme sinete d’armas do Barrôlo — repellindo a outra em que reconhecera a lettra detestada do seu alfaiate de Lisboa. E immediatamente, com uma palmada na mesa:

— Oh diabo! quantos do mez, hoje? quatorze, hein?

O Bento esperava com a mão no fecho da porta.

— É que não tardam os annos da mana Graça! De todo esqueci, esqueço sempre. E sem ter um presentinho engraçado... Que secca, hein?

Mas na véspera o Manoel Duarte, na Assembléa, á mesa do voltarete, annunciára uma fuga a Lisboa por tres dias, para tratar do emprego do sobrinho nas Obras Publicas. Pois corria a Villa-Clara pedir ao snr. Manoel Duarte que lhe comprasse em Lisboa um bonito guarda-solinho de sêda branca com rendas...

— O snr. Manoel Duarte tem gosto; tem muito