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Página:A illustre Casa de Ramires (1900).djvu/95

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A ILUSTRE CASA DE RAMIRES
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prato d’ovos estrellados, quando o Fidalgo, que desdobrára o guardanapo, o amarrotou, arremessou com nojo:

— Este guardanapo já serviu! Eu estou farto de gritar. Não me importa guardanapo rôto, ou com passagens, ou com remendos... Mas branquinho, fresquinho cada manhã, a cheirar a alfazema!

E reparando no Pereira, que discretamente arredava a cadeira:

— O quê! Você não almoça, Pereira?...

Não, agradecia muito ao Fidalgo, mas n’essa tarde comia as sopas com o genro nos Bravaes, que era festa pelos annos do netinho.

— Bravo! Parabens, Pereira amigo! Dê lá um beijo meu ao netinho... Mas então ao menos um copo de vinho verde.

— Entre as comidas, meu Fidalgo, nem agua nem vinho.

Gonçalo farejára, arredára os ovos. E reclamou o «jantar da familia», sempre muito farto e saboroso na Torre, e começando por essas pesadas sopas de pão, presunto e legumes, que elle desde creança adorava e chamava as palanganas. Depois, barrando de manteiga uma bolacha:

— Pois francamente, Pereira, esse seu Sanches Lucena não faz honra ao circulo! Homem excellente, decerto, respeitavel, obsequiador... Mas mudo, Pereira! Inteiramente mudo!