bens, numa nação como a nossa, cujo governo, de relações ordinariamente extintas com os seus deveres, busca apagar as luzes e correr os reposteiros sobre as cenas da sua habitual imoralidade.
Mau governo, má imprensa
Todos os regimens que descaem para o absolutismo vão entrando logo a contrair amizades suspeitas entre os jornais. Bem se sabe, por exemplo, o que, a tal respeito, foi o império de Napoleão III. Mas na Alemanha, debaixo da influência bismarckiana, é que se requintou, em proporções desmedidas e com inconcebível generalidade, essa anexação da publicidade ao governo.
Vai por cerca de cinqüenta anos que um historiador prussiano, dos mais notáveis de sua terra. Professor Wuttke, lente na Universidade de Leipzig, escrevia o seu célebre livro sobre a verba dos reptis (Reptilienfond), livro clássico no assunto.
Por ele se veio a saber que, com o nome de Repartição da Imprensa, Bismarck estabelecera, às margens do Spree, a mais vasta fábrica de opinião pública até então conhecida, e lhe derramara as filiais pelo mundo inteiro.
É um depoimento estupendo acerca desse terrível mecanismo, graças ao qual, há mais de meio século, já o gabinete de Berlim se considerava “senhor de toda a imprensa”. Foi por esse meio que se aparelhou a vitória alemã contra a Áustria, em 1866, se vingou o t